Ana Maria José Lins Personalidades
Ana Maria José Lins, mas conhecida popularmente como Ana Lins, figura lendária na Revolução Pernambucana em 1817 e na Confederação do Equador em 1824.
Nasceu no modesto município alagoano de Porto Calvo em 1764. Filha de João Lins de Vasconcelos e de dona Ignês de Barros Pimentel. O pai era dono do Engenho do Meio e Sargento da Cavalaria de Porto Calvo. A mãe era de origem indígena. Ana Lins era tida como descendente de Cristóvão Lins.
Casou-se com o proprietário do Engenho Sinimbu, Lourenço de Bezerra da Rocha, onde fica hoje localizada a Usina Caeté.
O casal teve duas filhas: Mariana e Antônia Arnalda Bezerra da Rocha Cavalcanti. Com o falecimento do marido, Ana Lins tornou-se proprietária do Engenho Sinimbu. Anos depois, ela casa com Manuel Vieira Dantas, oriundo de Penedo, da antiga família do sertão do São Francisco.
Vieira Dantas era comerciante de gados e também viúvo e tinha uma filha, por nome de Maria Catarina. Desse laço matrimonial nasceram sete filhos: Ana Luísa Vieira de Albuquerque Maranhão (A Baronesa de Atalaia), Francisca Vieira Lins, Francisco Frederico da Rocha Vieira (Capitão de ordenança), Manuel Duarte Ferreira Ferro ( O Barão de Jequiá), Ignácio Vieira de Barros Cajueiro (Médico), João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu (O Visconde de Sinimbu).
Ana Lins, juntamente com seu marido, Manuel Vieira Dantas e dos filhos, Francisco Frederico da Rocha Vieira e Manuel Duarte Ferreira Ferro, aliam-se aos revolucionários contra os portugueses na Revolução Pernambucana em 1817. Mas infelizmente, a revolução fracassou. Durante muito tempo, seu marido e seu filho Francisco Frederico ficaram refugiados nos canaviais miguelenses, voltando, anos depois para a sua residência.
Em 1824, sete anos depois, acontecia em Pernambuco, uma nova rebelião, batizada de Confederação do Equador e outra vez, Ana Lins, o marido e os filhos aderiram à revolução e novamente o movimento não teve sucesso, suas terras foram cercadas pelas tropas do Império, onde entrincheiram-se na casa grande do engenho Sinimbu, entre balas e chamas. Ana Lins e seus aliados resistiram até o último tiro. Depois do fato consumado, Ana Lins e seu filho, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, que na época contava com quatorze anos de idade, foram presos e levados para a cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro.
Já seu marido e seu filho Francisco Frederico procuraram asilos nas matas, mais ambos foram presos. Apenas Manuel Duarte Ferreira Ferro foi isentado. Os que foram presos, ficaram detidos no Convento do Carmo no Recife e logo em seguida foram encarcerados na fortaleza do Brum e condenados à pena de morte. Pena que depois foi comutada em degredo.
Manuel Vieira Dantas foi levado para as regiões do Rio Negro, no Amazonas. Enquanto Ana Lins e seu filho João Lins foram absolvidos pela anistia, os demais foram soltos por recursos financeiros, inclusive seu marido que tinha ido para Manaus e seu filho Francisco Frederico que permaneceu em Pernambuco. Graças à luta incansável do seu outro filho, Manuel Duarte Ferreira Ferro. Após os destroços da revolução, Ana Lins sozinha, restaurou a casa grande e reativou de novo o seu engenho, voltando a ser como o de antes.
Ana Lins era considerada a dama de ferro da nobreza açucareira de Alagoas, por ser dona de diversos engenhos de açúcar, espalhados por toda região Alagoana. Além do Engenho Sinimbu, Ana Lins era dona também, do Engenho Varrela, do Engenho Ilha (Novo Sinimbu e depois Usina Sinimbu), do Engenho Jequiá do fogo e do Engenho Prata.
Essa brava guerreira ficou imortalizada dentro do contexto histórico e cultural de Alagoas, como a "Heroína Alagoana".
Seu maior desejo era de ver um dia, Alagoas separada de Pernambuco e o Brasil de Portugal. E o sonho dela foi concretizado em vida. Alagoas separou-se de Pernambuco em 16 de setembro de 1817 e o Brasil de Portugal em 07 de setembro de 1822.
Ana Lins deixou um profundo legado de conhecimentos de amor à pátria, a São Miguel dos Campos, aos filhos e a sociedade de um modo geral. Ela faleceu no dia 27 de abril de 1839, na cidade de São Miguel dos Campos.
Em sua homenagem foi edificada no município, uma escola que presta o seu nome. Intitulada de "Escola Estadual Ana Lins". Também no município, existem alguns sobrados e casarões que a pertenceram e hoje pertencem a outros familiares, ainda bem, que todos estão preservados como o prédio da Casa da Cultura (antigo palacete da Baronesa de São Miguel) e o prédio onde funciona a Segunda Gerência Regional de Educação (antiga residência do Barão de Jequiá). Ambos pertencentes ao Governo do Estado.
Além desses equipamentos, Ana Lins também era dona do Engenho Prata, hoje de propriedade da família Palmeira; do Engenho Varrela, de propriedade da Usina Caeté; do Engenho Ilha, depois Engenho Novo Sinimbu, atual Usina Cansanção de Sinimbu e o Engenho Jequiá do Fogo.