Poesias de Miguelenses

VIDAS SECAS

Vi com meus próprios olhos

A angústia desse povo,

Vi a olho nu, a crise desse lugar

E doeu no coração conhecer

A vida desses guerreiros.

A cada légua que andei,

Vi no chão um animal;

No alto da colina

Urubus me rodeavam,

Em cada caminho que percorria

Sentia poeira em meus olhos.

A cada corpo sofrido

Via chegando seus dias.

Por onde eu seguia

Via um sertanejo com sede,

A cada passo que eu dava

Na porta, via uma criança com fome.

A cada dia que surgia

Mais sofrimento aparecia.

Não suportei mais a dor!

Meu coração também morria...


Poesia de Ernande Bezerra de Moura