História de São Miguel dos Campos

FUNDAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS - AL.

Foi às margens do Rio São Miguel, que teve início o povoamento do mesmo nome.

Segundo relata a história, na correspondência do rei para o governador D. Diogo Botelho, por carta de 30 de agosto de 1606, da presença de dois moradores em São Miguel, os irmãos, João e Sebastião da Rocha, naturais de Viana do Castelo (Portugal).

Não podemos afirmar a época exata da formação do núcleo que tornou-se povoado, supõe-se, no entanto, que é tão velho quanto à vila de Santa Madalena da Lagoa do Sul.

Levando em conta o que diz Pereira da Costa, a divisão de sesmaria começou em 1560, quando da gestão do segundo donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho de Albuquerque.

Em 1612, registra-se que dona Felipa de Moura, viúva de Pedro Marinho Falcão, foi contemplada com a doação de uma sesmaria, ao lado dos seus genros, Antônio Ribeiro de Lacerda e Cosme Dias da Fonseca, que receberam também as terras marginais proximas ao Rio São Miguel, chamada pelos índios de Sinimbys, onde ali foi edificado um engenho que recebeu o mesmo nome do curso fluvial.

Dona Felipa de Moura, de raízes fidalgas, descendente da família Moura Castro, fato comentado pelo brilhante escritor miguelense, Romeu de Avelar.

A sesmaria do português Antônio Barbalho Feio contava com cinco léguas, do Engenho Sinimbu aos Campos dos Arrozais de Inhauns, hoje cidade de Anadia.

Às terras miguelenses prosseguiam assim fatiadas, cabendo uma légua a Belchior Álvares de Carvalho, duas léguas a Manoel Pinto Pereira e de igual quantidade para Gonçalo da Rocha Barbosa, e da mesma forma que aquelas concedidas aos filhos do fidalgo Brásio Correia Dantas e algumas áreas ao mestre de campo Antonio de Moura Castro. Outras pessoas continuaram a ser beneficiadas como foi o caso de Manoel de Caldas como uma légua e com outras Gonçalo Ferreira Belchior Pinto e Sebastião Ferreira, que foi torturado e castigado pelo holandeses em
1630, por caso desse episódio ele ficou reconhecido na história do município como “O Mártir Miguelense”.

A sesmaria que mais se desenvolveu foi a de Sebastião Ferreira. A fertilidade do seu terreno era bastante produtiva. A agricultura existia com a abundância, tais como: mandioca, milho, arroz e cana de açúcar, onde mais tarde foi edificada a Campanha de Fiação e Tecidos São Miguel, também conhecida como Fábrica de Tecidos de Sebastião Ferreira.
As sesmarias foram responsáveis pela formação do primeiro núcleo miguelense, que substituiu as tabas indígenas.

Quando os holandeses invadiram as terras dos Caetés em 1630, já encontrou diversos estabelecimentos agrícolas às margens do Rio São Miguel.

No desenvolvimento e progresso, nas glórias e sofrimentos pelos quais passou Alagoas, ao povo de São Miguel coube sempre parte relevante na devastação holandesa, durante o longo período em que esses inimigos estiveram apossados de diversas localidades do território alagoano, foram os miguelenses vítimas de espoliações em suas propriedades e patrimônios, podemos citar como exemplo a sesmaria de Sebastião Ferreira e a Igreja de Santo Antônio do Furado.

Já em 1749, segundo informações certas, a idéia geral da população da “Capitania de Pernambuco” assinala, que a Freguesia de São Miguel é anterior a 1702, pois já era curato em 1683 sob a invocação de Nossa Senhora do Ó.

São Miguel conheceu a fase áurea do ciclo do gado, pois empenhados os holandeses em ter fonte de abastecimento para suas tropas famintas, tangeram parte dos soldados da região sanfranciscana para a zona de São Miguel um dos locais mais importantes da produção açucareira.

As celebres manadas foram devoradas na invasão flamengas, como também pelas sortidas dos quilombos palmarinos, revolucionários e soldados portugueses das várias subrenações, que agitaram o solo miguelense.

Os senhores de engenhos foram prejudicados pelos Quilombos dos Palmares, por ter perdido inúmeros escravos, que fugiam das suas propriedades, como também por serem vítimas de roubos e castigos constantes.

Diversas expedições foram organizadas para a destruição dos quilombos e a todas elas os miguelenses prestaram seus valiosos concursos, quer alistando-se nos corpos expedicionários, quer concorrendo com dinheiro ou por mantimentos alimentícios.

Outro ponto marcante de sua gente é a sua característica de povo idealista e sobranceiro, associando-se aos valentes em favor da justiça e da liberdade.

Em 1817, Ana Lins ao lado do marido Manuel Vieira Dantas, tomaram parte na Revolução Pernambucana, eles pretendiam a separação de Alagoas de Pernambuco e a criação de um país soberano. Manoel Vieira Dantas e seus filhos, Manoel Duarte Ferreira Ferro e Francisco Frederico da Rocha Vieira, aderiram de pronto ao movimento, e foram seus grandes lideres em Alagoas.

A figura mais brilhante da revolução foi, porém a sua mulher, dona Ana Lins.
Já em 1824, outra figura importante o jovem João Lins, que ao lado da mãe participou do episódio da Confederação do Equador, mostrando, assim, o seu espírito de patriotismo pelo seu povo.

Neste ambiente de lutas e resistências pela fixações das terras, o povoado de São Miguel pelo seu desenvolvimento de progresso, passou para condição de vila com o nome de "Vila de São Miguel".

O Engenho Sinimbu de propriedade de Manoel Vieira Dantas e de dona Ana Lins, foi o engenho mais importante dentro da história de Alagoas, por ter si dado o fato dele ser a “Trincheira da República“ nas duas revoluções.

A vila de São Miguel foi criada pelo decreto do governo geral da regência, em 10 de julho de 1832, podemos dizer que a vila de São Miguel se desenvolveu num processo de integração dentro de uma região que vinha sendo conquistada e trabalhada nesta fase de sua história, ou pelo menos na primeira parte dela.

A vila floresceu no seu processo de desenvolvimento da colonização, tanto na zona urbana como na zona rural.
Na zona urbana foram construídos vários sobrados, casarões, palacetes e igrejas, além de casas de negócios, onde o seu comércio cresceu rapidamente dentro do cenário de Alagoas.

Nesta época começou aparecer também os grandes engenhos de açúcar e as enormes propriedades rurais de um só dono.
A monocultura levou ao desenvolvimento das mesmas, a produção em larga escala de um só produto para exportação, nesse caso os proprietários e os senhores de engenhos precisaram de inúmeras mãos-de-obra para fazer esse trabalho, daí foram surgindo às grandes casas de engenhos, as senzalas, as igrejas e nas propriedades as casas de moradas.

Neste tempo, os meios de transportes eram, os cavalos e os carros de boi, que serviam para carregar cana, sacos de açúcar, móveis, utensílios, mudanças, etc., servindo também de transporte de senhores de engenhos com seus familiares em passeios e compras na sede da vila e em visitas as outras propriedades.

O Rio São Miguel teve um grande papel no desenvolvimento de São Miguel, pois eram através das suas águas, que as barcaças navegavam carregadas de açúcar e outros produtos, saíam com destino a vila de Santa Madalena da Lagoa do Sul, depois cidade de Alagoas como também dos comerciantes que viajavam para a Capitania de Pernambuco e outras localidades fora da vila. Foi criada a feira em toda vila, medida de alto alcance econômico, que por esta forma havia mais facilidade para o comércio e as transações.

A vila de São Miguel foi desmembrada da cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro e foi elevada à cidade pela Lei de número, 423 de 18 de junho de 1864, sancionada pelo vice-presidente Roberto Calheiros de Melo e assinado por Posidônio de Carvalho Moreira e registrado a fl. 32 do livro quatro de leis provinciais.

Outro fato importante na história era que os campos de São Miguel eram cobertos de arroz até a cabeceira do rio em Tanque D’arca, terras pertencentes na época Anadia, então denominada de "Campos dos Arrozais de Inhauns", por causa dessa ligação que existia entre os dois municípios, São Miguel e Anadia, que neste tempo não estava ao menos delineado o nome de São Miguel, foi quando acrescentou a denominação restritiva “dos campos” passando então a se chamar de São Miguel dos Campos.

Em conseqüência da sua elevação a categoria de município autônomo, São Miguel dos Campos perdeu os seguintes distritos: Boca da Mata em 1957, Campo Alegre(Mosquito) em 1960, Barra de São Miguel em 1963, Roteiro em 1963 e Jequiá da Praia em 1995.

De acordo com a divisão, administrativa do estado de Alagoas, o município de São Miguel dos Campos está formado apenas com um distrito, o da sua sede.

Atualmente, São Miguel dos Campos passa por uma fase de grande atividade e progresso geral.

O crescimento acelerado do município aumentou e a sua população fez a cidade crescer não só em extensão como também nos barrios e povoados. Foram construídos conjuntos de ruas, avenidas, praças e casas, distribuídas em quarteirões por toda localidade da periferia.
O município é composto de cinco barrios: Barrio Nossa Senhora de Fátima na cidade alta; Barrio Humberto Alves; Barrio do Paraíso, Barrio de Lourdes e Barrio Geraldo Sampaio, na cidade baixa. Além de contar também com vários Loteamentos, tais como: Canto da Saudade, Rui Palmeira, José Calazans, Diógenes Celestino, Bela Vista I e II, José Tavares Filho, Edgar Palmeira, Esther Soares Torres I, II e III e Hélio Jatobá I, II e III, Novo São Miguel, Jaci Clemente, etc. como também os povoados, Bernardo Lopes e do Coité.

São Miguel dos Campos é uma cidade moderna e bem calçada, asfaltada, iluminada e limpa, com todo o conforto de outras cidades do Brasil.

O município é administrado pelo poder executivo e legislativo – formado por quinze vereadores.

Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura