História de São Miguel dos Campos

A HISTÓRIA DO ANTIGO PALACETE DA BARONESA, ATUAL CASA DA CULTURA DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS -AL.

Este lindo solar é uma arquitetura do início do século XIX, estilo eclético com lindas fachadas neoclássica, construído no ano de 1827, sendo uma das casas mais antigas do município. Ele pertencia a Ana Maria José Lins, proprietária do engenho Sinimbu.

O luxuoso sobrado foi construído por Ana Lins para ser seu ponto de encontro com os amigos e familiares nos finais de semanas na cidade. Pois a mesma morava na casa grande do engenho Sinimbu.
O sobrado era composto de sala de estar, um corredor, quatro quartos, sala de jantar e um porão nos fundos da casa.
O corredor era todo revestido de mosaico e os demais compartimentos com piso de assoalhos. Coberto com lindos tapetes, em meio as conversadeiras de palhinhas e jacarandá e ao brilho dos lambaris dourados e dos candelabros de cristais.
O andar superior da casa servia para encontros de senhores de engenhos e reuniões constantes para debater sobre a classe e a política de um modo geral.
Quando Ana Lins dividiu os bens para os filhos, o sobrado passou a pertencer a Francisco Frederico da Rocha, Capitão de Ordenança e líder da Revolução Pernambuco em 1817 e da Confederação do Equador em 1824. Além do solar, o Capitão também recebeu como herança, o complexo industrial do engenho Varrela.
Francisco Frederico tinha três filhos, Benjamin Franklin, Epaminondas e Dondon Duarte. Ambos eram netos de Ana Lins e sobrinhos do Visconde de Sinimbu. Um dele ia se casar, e o capitão ofereceu ao filho o sobrado de presente. Foi quando o dito sobrado passou a pertencer ao futuro Barão de São Miguel, Epaminondas da Rocha Vieira.
Epaminondas casou-se com Antônia Leopoldina da Rocha Vieira, filha de Manuel de Moraes Bastos e de dona Leopoldina Augusta da Rocha Bastos. Epaminondas da Rocha Vieira foi outorgado com o título de "Barão de São Miguel" sem grandeza, concedido pelo rei de Portugal, Dom. Luis, em 18 de dezembro de 1878, em atenção ao valioso donativo que fez a um estabelecimento de caridade da cidade de Setúbal.
A baronesa era uma pessoa caridosa, simples sem ferir o porte de grande dama, vivia de coração aberto para todos que visitavam o luxuoso solar, onde as pessoas eram recebidas com muito requinte, deixando os convidados encantados com tudo que eram proporcionado durante as festividades, tais como: palestras, reuniões saraus e bailes. Por conta das formosas festas realizadas pela Baronesa o residencial passou a ser chamado de Palacete da Baronesa.
Além da baronesa e do barão, morava também na casa a filha bastarda do Barão, Elvira filha dele com uma escrava, por nome de Rosa.
O barão faleceu 1897 e a baronesa em 1914, registro encontrado nas pedras tumulares do cemitério local. Ela morreu dezessete anos após a morte do marido.
Quando a baronesa faleceu, ele estava fechado, por motivo superior, e foi reaberto seis anos depois ou seja em 1920, para servir como Prefeitura do Município de São Miguel dos Campos, na época da intendência, quando os prefeitos eram indicados pelo Governador do Estado.
O palacete da baronesa, permaneceu como Prefeitura até os anos quarenta.
Em 1950, outra vez o prédio foi reativado para que nele funcionasse a Cadeia Pública Municipal, onde foi mudado algumas coisas da sua característica, principalmente na sua parte interna.
O piso original foi trocado por lajotas de cerâmica, os quartos do palacete foram transformados em celas, na qual as portas e as janelas, que antes eram de madeira, passaram a ser substituída por grades de ferro. Tornando assim, um lugar mais seguro, para atender as necessidades da sociedade.
Já no final do Sobrado foi construído um refeitório, que passou a fazer parte também da estrutura da casa, lugar este, que servia como acomodação para que os soldados fizessem as suas refeições.
Também funcionava na suas dependências, a Recebedoria Estadual que ficava localizada logo na sua entrada, um pequeno espaço, contendo um balcão, que servia para atender a clientela e na sua parte superior, o Tribunal de Júri, espaço cedido pelo delegado ao juiz para as realizações das sentenças judiciais, pois na época o Fórum José César Sobrinho que ficava ao lado da cadeia, não tinha um lugar apropriado para as realizações das mesmas.
A cadeia e os demais departamentos funcionaram até 1971, quando foi construído a nova Delegacia Estadual no município.
O palacete da baronesa foi transformado em Casa da Cultura, no dia 04 de fevereiro de 1984, com a força do historiador e professor Douglas Apratto Tenório, que na época era Secretário de Educação e Cultura do Estado de Alagoas, na gestão do governador Divaldo Suruagy, com a participação da Diretora do Departamento de Assuntos Culturais Vanuza de Barros de Melo, contribuíram bastante para a sua fundação.
Marly Ribeiro foi quem fez o requerimento para votação na Câmara Municipal, que foi aprovado por unanimidade por todos os vereadores do município. Isto aconteceu na administração do prefeito Wellington Apratto Torres.
A residência aristocrática foi estruturada a partir de doações de famílias tradicionais da cidade. Um grupo de voluntários, comandado por Vânia Alves, Marly Ribeiro, José Barbosa e Milton Moura, saíam de porta em porta, à procura de móveis antigos, peças de porcelanas e de cristais para complementar o acervo cultural da casa.
O pintor Fernando Lopes foi uns dos responsáveis para o crescimento e desenvolvimento da casa, ele doou parte das suas obras, como também conseguiu trazer para o acervo, obras de outros pintores alagoanos.
O acervo é composto de fotos antigas da cidade, personalidades da terra que fizeram e que fazem história em Alagoas, no Brasil e no Mundo, móveis do século XIX, peças raras do passado, quadros, esculturas de madeiras e de cerâmicas, etc.
Ao longo dos anos, a Casa da Cultura passou por várias mudanças na busca de atender os anseios da sociedade, que sempre participam ativamente das suas atividades do dia a dia, com diversos cursos ligados à área da cultura, apresentações de folguedos populares, saraus de poesias, peças teatrais, palestras, exposições e festividades comemorativas.
Atualmente, a Casa da Cultura é o elo atraente, que prende os miguelenses às coisas da intelectualidade e da arte, de uma forma geral.
Em 24 de novembro de 2009, pelos projetos de lei, 28, 29 e 30 aprovados pela Câmara e sancionada pela Prefeita Rosiane Santos, onde foram criados os seguintes equipamentos: Casa da Cultura, Museu Histórico e Cultural Fernando Lopes e a Biblioteca Escritora Guiomar Alcides de Castro.
O prédio da Casa da Cultura foi tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Alagoas pela lei 4.741/85 de 18 de novembro de 2010.
Até pouco tempo funcionavam na casa, a Secretária Municipal de Cultura, o Telecentro de Informática Guiomar Alcides de Castro e a Academia Miguelense de Letras e artes -AMILA.
O Museu Fernando Lopes, atualmente, depois do IPHAN, é o único em Alagoas com a tecnologia QR Coder para que os visitantes e alunos possam conhecer melhor o acervo do referido museu.
É interessante informar que este lindo prédio arquitetônico pertence ao Estado de Alagoas, já os pertences da casa são Patrimônio Municipal.
Na gestão do prefeito Nivaldo Jatobá foi feito um acordo com o governador Manuel Gomes de Barros, que assinaram um documento chamado de comodato, onde o município fica de posse do prédio, durante dez anos, não importa o prefeito que esteja no poder, a obrigação dele é de renovar o documento de dez em dez anos.

Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura