A chegada e a história da capoeira no município de São Miguel dos Campos - Alagoas
PRIMEIRA PARTE
A capoeira é patrimônio vivo da cultura brasileira, é considerada a primeira e genuína arte marcial criada no Brasil, ela foi trazida pelos negros que foram escravizados e forçados a trabalhos pessados nas lavouras do café e nos engenhos de cana de açúcar.
A capoeira teve início no estado da Bahia, depois ela difundiu-se para os outros estados do país.
A capoeira do município de São Miguel dos Campos, iniciou-se nos meados da década de oitenta, com a chegada do professor José Ferreira de Lima, mas conhecido pelo pseudônimo de Jota Ferreira.
Jota Ferreira era formado pela Associação de Capoeira Rainha da Senzala do estado de São Paulo.
Logo que chegou a cidade, procurou os responsáveis da Casa da Cultura, afim de adquirir um espaço para realizações dos seus projetos.
A professora Vânia Alves de Sá e o Articulador de Cultura José Barbosa de Moura, abraçaram com convicção o projeto, nesta época a Casa da Cultura era administrada pelo governo do estado.
As aulas começaram a ser praticadas em outubro de 1988, no salão do auditório " João de Medeiros Apratto" na parte superior da Casa da Cultura, nos três horários, manhã, tarde e noite.
A escola era composta por alunos e alunas de diversas faixas etária, criancas, adolescentes e adultos.
O professor Jota Ferreira e seu grupo de capoeira " Rainha da Senzala ," sempre eram convidados para fazer parte dos eventos culturais, estudantis e esportivos realizados no município como também no estado.
Na festa de aniversário dos oitenta anos do "Jornal de Alagoas" o professor Jota Ferreira representou a cidade de São Miguel dos Campos com seu grupo de capoeira " Rainha da Senzala ", compostos pelos seguintes alunos: Nem, Soneca, Giliard Ciço Doido, Cilo, Maluco, Negra do Sicau, Adilson, Jiazinho, Carneiro, Zé Fernandes, Cal, Rodrigo, Kareca, Biro Biro, Thais, o filho do Dr. Galbas, Negro dó, etc.
Na ocasiao o grupo de capoeira " Rainha da Senzala " participou de uma gincana, onde conseguiu o primeiro lugar. O professor recebeu um troféu e os alunos foram contemplados com medalhas de participação.
Depois dessa conquista, a procura pela capoeira aumentou no município, chegando ao ponto de mudar de local, pois o espaço da Casa da Cultura não suportava mais a quantidade de tanto alunos, então as aulas passaram a ser administradas no Ginásio de Esporte Prefeito José de Medeiros Apratto, em 1990.
Em 1991, por motivo de doença de coluna, o professor Jota Ferreira teve que se afastar das suas atividades esportivas e culturais, e assumiu uma nova profissão a de comunicador no Rádio São Miguel FM.
Atualmente o professor Jota Ferreira trabalha como radialista numa rádio FM de Teotônio Vilela e é locutor de propaganda de um carro de som, naquela cidade.
Antes de deixar a capoeira, o professor Jota Ferreira deixou a seguinte frase " A capoeira não é uma dança violeta e sim um esporte que proporciona ao corpo agilidade e ao mesmo tempo defesa pessoal, além de transmitir um pouco da cultura africana ".
Quando o professor Jota Ferreira chegou ao município de São Miguel dos Campos, já encontrou um capoeirista na cidade, Agamenon Lima, conhecido também como H que treinava sozinho nos principais pontos culturais da cidade.
Agmenor Lima se interessou pela capoeira quando foi estudar no Instituto Federal de Alagoas – IFAL, em 1988, depois de ter visto a apresentação de um grupo de capoeira numa praça de Maceió, comandado pelo mestre Teté.
Imediatamente Agamenon Lima fez sua inscrição e começou a fazer parte do grupo de capoeira " Salve Axé " que tinha como mestres, Medicina e Ventania
Nos longos dos anos, o grupo de capoeira " Salve Axé ", ganhou uma nova indentidade, passou a ser chamado de grupo de capoeira " Raça ".
Nos idos de noventa, Agamenon Lima ingressou no grupo de capoeira " Molas " do mestre Lucas da cidade de Aracaju, estado de Sergipe.
Como professor, Agamenon Lima começa a desenvolver a capoeira na sua terra natal, ministrando aulas em academias, criando projetos sociais que foram implantados no antigo Peti, sobre a sua responsabidade, mostrando a todos a importância da capoeira no município.
Com o passar do tempo, o professor Agamenon Lima aluga um espaço, próximo ao Posto Cidade e funda a sede do grupo de capoeira " Molas " no município.
O professor Agamenon Lima dava aula, de manhã, tarde e noite, faziam parte do grupo: Gero, Soneca da Eletrônica, Orelha, Fofão, Jacaré, Fino, Kareca, Negro Dó, Maria e outros.
O grupo de capoeira " Molas." da cidade de São Miguel dos Campos fez diversas apresentações na Praça da Matriz, no Ginásio de Esporte, no Mercado Público e nas escolas do município, além de ter participar também de vários eventos culturais em outras cidades do interior alagoano, como por exemplo: Teotônio Vilela, Campo Alegre, Arapiraca, Maceió, etc.
Agamenon Lima viaja para o estado da Bahia, afim de se aprofundar ainda mais nos estudos da capoeira e quando volta a São Miguel dos Campos, funda seu próprio grupo de capoeira, batizado de " Nação Caetė ".
Em 1997, o professor Agamenon Lima com sua arte atravessou o mundo, esteve com outros capoeristas na Ásia com o grupo de capoeira " Suwig Brasil " de Maceió.
Também o nobre professor, representou Zumbi dos Palmares por duas vezes consecutivas, 2001 e 2002, ao pé da Serra da Barriga na cidade de União dos Palmares.
Quando esteve na Casa de Cultura realizou diversos projetos em prol da cultura negra como também fez diversas apresentações, entre elas, no palco da Praça de Multeventos, de frente a Igreja de Nossa Senhora do Ó, na Praça do Relógio e nas festividades promovidas pela Secretaria Municipal de Cultura.
Hoje tem a cultura Afro como elemento, com seus projetos criou dois espaços de capoeira nas praças publícas do município, um na Praça da Matriz e outro na Praça Padre Cícero.
O mesmo realiza curso voltado ao ensino e desemvolvimento da capoeira, oferecendo aos praticantes locais com a presença de mestres e professores de outras regiões do estado.
O mestre Agamenon Lima é formado em " Arte Cênica " pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL, pós graduado em Artes Visuais, aluno do Curso de Letras - Português da UNEAL, membro efetivo da Academia Miguelense de Letras e Artes - AMILA e Professor de Arte na rede estadual de ensino.
Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura